Sobre

As fábulas Esse foi um livro que fiz para a 11ª Bienal de Encadernação de Arte da França em 2011. Algumas questões antigas me moveram nesse projeto: primeiro foi trabalhar uma parte gráfica na capa, fiz vários desenhos até chegar numa distorção das letras tentando deixá-las flutuando em um plano, procurei com muitos traços, dar uma sensação de movimento. Acreditava que a melhor solução seria a serigrafia sobre uma superfície lisa de madeira. O livro era razoavelmente grande, volumoso, com vários cadernos, bem pesado e eu queria justamente convocar o leitor a esse conflito entre um objeto pesado e ao mesmo tempo se deparar com uma imagem na capa quase que fugidia, como se fosse escorrer pela superfície. Para executar o projeto, chamei um amigo designer, o Alex, que digitalizou o meu desenho e deixou de forma vetorizada, se é que assim que se fala, e a Ana Paula, que faz serigrafia de uma forma sublime. Claro, no catálogo dei os devidos créditos para ambos, acho muito legal trabalhar em conjunto, sempre rola uma troca interessante entre as pessoas em torno do livro. Ao mesmo tempo, procurei trabalhar com a costura exposta, resolvi escolher a copta de agulhas pareadas com as capas em madeira. Particularmente acho a costura copta excelente para livros grandes e volumosos, por ser uma costura resistente, forte e na qual é dispensável o uso de cola na lombada. Esse é um livro que eu dou como terminado, acho que do projeto inicial à execução final, ele percorreu um percurso de várias mãos e acho que traduz o que eu sinto quando leio o gênero fábulas. Animais travando diálogos sobre temas seminais, geralmente uma história quase sempre curta, com personagens animais e uma lição de moral no início ou no fim. Escritas em versos ou em prosa, os personagens fazem menção a normas de conduta de forma subjetiva, e há sempre esse conflito entre o moralmente correto e incorreto, o bem e o mal, etc. Como ele mesmo fez questão de dizer: “a fábula é uma pintura em que cada um de nós pode encontrar seu próprio retrato”.